Família de suspeitos de emboscar homens desaparecidos no PR comprou terreno de um deles por R$ 255 mil e não pagou nenhuma parcela, diz delegado
11/08/2025
(Foto: Reprodução) Delegado fala sobre dívida que motivou cobrança de homens que estão desaparecidos no PR
A Polícia Civil do Paraná (PC-PR) suspeita que Antonio Buscariollo, de 66 anos, e o filho dele, Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22 anos, tenham emboscado os quatro homens que foram até Icaraíma cobrar uma dívida. Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso e Alencar Gonçalves de Souza estão desaparecidos desde a última terça-feira (5).
A família de Antonio e Paulo, comprou uma propriedade rural de Alencar, um dos desaparecidos, por R$ 255 mil e não pagou nenhuma parcela. A informação foi repassada pelo delegado Gabriel Menezes, em coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda-feira (11).
Segundo o delegado, a investigação apontou que essa é a dívida que motivou a cobrança. Robishley, Rafael e Diego foram contratados por Alencar para que fossem com ele até a cidade cobrar o pagamento. De acordo com a polícia, os desaparecidos foram até a casa dos suspeitos e não foram mais vistos.
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O delegado Gabriel Menezes informou que Alencar, que é morador de Icaraíma vendeu a propriedade para a família e dividiu o pagamento em dez notas promissórias de R$ 25 mil cada. Contudo, nenhuma parcela foi paga.
Menezes também disse que, apesar da falta de pagamento, consta que a propriedade foi transferida para um dos filhos de Antonio, e foi registrada em cartório no dia 5 de agosto de 2024.
"O não pagamento desse valor, gerou essa cobrança por parte do Alencar, que contrata esses três indivíduos do estado de São Paulo para vir aqui cobrar. Eles vão num primeiro momento na segunda-feira, fazem um contato com os devedores e na terça retornam por volta do meio-dia para um segundo contato e continuidade dessa cobrança, mas perdem contato com familiares", disse o delegado.
Anteriormente, a esposa de um dos desaparecidos, declarou no registro do boletim de ocorrência do desaparecimento, que o valor da dívida seria de R$ 1 milhão. Outros familiares disseram que o valor real seria de R$ 100 mil. Contudo, o valor de R$ 255 mil foi confirmado durante a investigação.
Alencar Gonçalves de Souza está desaparecido desde terça-feira
Arquivo pessoal
A polícia disse que tentou reconstituir o itinerário feito pelos envolvidos, mas as vítimas e o carro em que elas estavam não foram encontrados. Imagens de câmeras de segurança da propriedade onde a família dos suspeitos mora foram coletadas e estão sendo analisadas.
Na noite de sexta-feira (8), um carro que também pertence aos suspeitos foi encontrado e apreendido. O veículo foi levado para perícia e, segundo o delegado, o objetivo é procurar possíveis vestígios dos homens desaparecidos.
Nesta segunda-feira (11), o Corpo de Bombeiros utilizou o equipamento sonar – utiliza ondas sonoras para detecção e localização de objetos em ambientes aquáticos – para fazer uma varredura pelo Rio Ivaí, mas nada foi encontrado. Ao todo, foram percorridos cerca de 8 quilômetros até as 12h.
No fim da manhã, um cão farejador do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost) do Corpo de Bombeiros de Curitiba, treinado para identificar restos mortais, fez buscas numa propriedade rural próxima ao Rio Ivaí, em Porto Novo, onde havia uma casa abandonada com terra revirada, mas nada foi localizado.
De acordo com o delegado, até o momento, todos os lugares informados por meio de denúncias anônimas já foram verificados.
Buscas pelos desaparecidos em Icaraíma nesta segunda-feira (11).
Ana Lima/RPC
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Desaparecidos trabalhavam como cobradores de dívidas
Diego Henrique Afonso (à esquerda), Robishley Hirnani De Oliveira (ao fundo) e Rafael Juliano Marascalchi (à direita) saíram de São José do Rio Preto (SP)
Arquivo pessoal
Segundo o boletim de ocorrência, três das vítimas — Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso — viajaram de São José do Rio Preto (SP) até o Paraná para cobrar uma dívida. Eles foram contratados por Alencar Gonçalves de Souza, que também está desaparecido
O delegado Gabriel Menezes disse na coletiva que familiares dos desaparecidos informaram que os três homens trabalham com cobrança de dívidas há cerca de 13 anos. Contudo, disseram que o grupo atua somente "exercendo pressão" sobre os devedores e nunca usaram violência.
O delegado confirmou que nenhum dos homens possui registros criminais por porte de arma ou por agressão.
A polícia tem como principal linha de investigação o homicídio, mas outras hipóteses não serão descartadas até que haja uma confissão ou até que as vítimas sejam encontradas.
"Eles já estão desaparecidos há vários dias, não houve nenhum contato de pedido de resgate. O contexto do desaparecimento ao cobrar uma dívida indica uma animosidade entre as pessoas e um possível conflito entre elas. Todos esses fatores apontam para a prática de um crime de homicídio", disse Menezes.
Do desaparecimento à fuga de suspeitos: Veja a cronologia do caso dos quatro homens que sumiram ao cobrar dívida no PR
Suspeitos prestaram depoimento, foram liberados e fugiram
No início das buscas, na quarta-feira (6), Antonio e Paulo foram encontrados na propriedade rural onde as vítimas teriam desaparecido.
De acordo com o delegado Gabriel Menezes, a polícia considerou pai e filho suspeitos depois que eles prestaram depoimento na delegacia e, ao serem liberados, eles e toda a família sumiram. Antonio e Paulo são considerados foragidos.
“Eles confirmaram que havia um negócio envolvendo a compra e venda de uma propriedade rural entre Alencar e dois parentes deles, mas disseram que não tinham relação direta com a dívida”, explicou o delegado.
Os dois também negaram terem tido contato com as vítimas e disseram que não estavam em casa no momento em que os quatro homens foram ao local.
Pai e filho são considerados foragidos pelo desaparecimento de quatro homens
PCPR
Depois que a investigação apontou que os quatro homens desaparecidos podem ter sido vítimas de uma emboscada e de um atentado, a polícia pediu a prisão temporária de Antônio e Paulo.
O g1 tenta localizar a defesa dos suspeitos. Quem tiver informações sobre o paradeiro dos homens pode acionar a Polícia Militar pelo telefone 190.
Quem são os suspeitos
Segundo a Polícia Civil, Antonio possui antecedente criminal por posse ilegal de arma de fogo. Paulo não tem passagens pela polícia.
Antonio se candidatou a vereador de Icaraíma pelo Partido Social Democrático (PSD) nas eleições municipais de 2024, mas não foi eleito. Nas eleições de 2020, ele ficou como suplente, mas não chegou a atuar na Câmara.
A família dos suspeitos também é proprietária de um pesqueiro no distrito de Vila Rica do Ivaí, área rural de Icaraíma.
Relembre o caso
Vitimas foram vistas pela última vez em uma padaria em Icaraíma.
Polícia Civil (PC-PR)
As vítimas — Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso e Alencar Gonçalves de Souza — sumiram na terça-feira (5). Três delas viajaram de São José do Rio Preto (SP) até o Paraná para cobrar uma dívida. O quarto homem, morador da região, se juntou ao grupo antes do desaparecimento.
Na quarta-feira (6) a esposa de Robishley procurou a polícia do estado de São Paulo para relatar que ele e os dois homens que viajaram juntos não respondem às mensagens e não atendem às ligações.
Em imagens registradas por volta das 10h de terça-feira (5), os quatro aparecem conversando no balcão da panificadora, em Icaraíma. Depois disso, os homens não foram mais vistos.
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