Secretário do Tesouro americano cancela reunião com o ministro da fazenda brasileiro
11/08/2025
(Foto: Reprodução) Governo americano cancela reunião do Secretário do Tesouro com Haddad
O governo americano cancelou uma reunião do secretário do Tesouro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O Brasil apostava na conversa entre Haddad e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, na próxima quarta-feira, para destravar as negociações sobre as barreiras aos produtos brasileiros. Mas hoje, em entrevista ao programa Estúdio I da GloboNews, Haddad disse que os Estados Unidos cancelaram o encontro.
Segundo ele, resultado de ação de forças da extrema-direita brasileira junto à Casa Branca. O ministro citou a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL) nos EUA.
Entrevista ao programa Estúdio I da GloboNews
Jornal Nacional
O ministro Fernando Haddad declarou:
"A militância antidiplomática dessas forças de extrema-direita que atuam junto a Casa Branca tomaram conhecimento da minha fala, porque eu dei a público que iria me reunir com Bessent na quarta-feira. E agiram junto a alguns assessores do presidente Trump e a reunião com ele, que seria virtual na quarta-feira, foi desmarcada">
"É uma situação completamente diferente dos demais países porque aqui há uma força política que tem expressão na vida pública e que está fazendo uma espécie de anti diplomacia. O Eduardo publicamente deu uma entrevista que ia procurar inibir esse tipo de contato entre os dois governos, porque o que estava em causa não era a questão comercial", declarou ainda.
"Não há como não relacionar uma coisa há outra. Porque não há coincidência nesse tipo de coisa. E nós ainda tentamos junto a assessoria de secretário do Tesouro remarcar a reunião. 'Ó, está faltando agenda, então marca outra'. Mas, logo, nós percebemos que não era o caso", finalizou.
Empresários dos setores afetados pela tarifa de 50% tem pressa e pressionam o governo brasileiro por avanços concretos na estratégia de negociação. Enquanto lançam mão de medidas, como férias coletivas. Muitos têm acionado parceiros comerciais nos Estados Unidos, para um trabalho conjunto, para incluir mais itens na lista de exceções.
No fim da tarde, Haddad, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o vice-presidente, Geraldo Alckmin, levaram ao presidente Lula as ações de ajuda aos setores mais atingidos. A medida provisória ainda não foi divulgada. Na entrevista ao Estúdio I, o Haddad disse que o projeto deve conter:
uma linha de financiamento ao exportador;
compras governamentais, autorizando estados e municípios a comprar parte da produção que não for exportada; e
medidas tributárias, como o adiamento do pagamento de tributos.
Haddad também disse que a preservação de empregos está prevista no pacote, mas não deu detalhes e reconheceu que existem empresas que não devem conseguir manter as vagas por conta do impacto na produção e que cada caso vai ser analisado separadamente.
O ministro afirmou ainda que a MP vai trazer reformas estruturais envolvendo o Fundo de Garantia a Exportação, criado em 1997.
"Então, nós estamos fazendo uma reforma estrutural no FGE com suporte dos demais fundos para garantir que toda a empresa brasileira, que não só os grandes, os grandes também, toda empresa brasileira que tiver vocação de exportação vai ter instrumentos modernos para fomentar a exportação para o mundo inteiro", declarou Haddad.
Nesta segunda, a Organização Mundial do Comércio (OMC) divulgou detalhes do pedido brasileiro contra o tarifaço. O Brasil alegou que as medidas são inconsistentes com as obrigações dos EUA sob várias disposições do acordo geral sobre tarifas e comércio. Se não houver avanço em dois meses, o Brasil poderá pedir a abertura de um comitê de arbitragem para analisar a disputa.
Em resposta ao ministro Haddad, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) publicou em uma rede social que não tem e nem pretende ter controle sobre a agenda do secretário do Tesouro americano. E que Scott Bessent cumpre as diretrizes de Donald Trump. A nota é assinada também por Paulo Figueiredo.